sexta-feira, 21 de outubro de 2011

O Futuro do Livro por Gilberto Gil


Tempo de Ler é tempo de ser. É tempo de transformar, de amadurecer, de crescer, de conhecer e desconhecer para a compreensão da vida, ler é beber da fonte da eterna inquietude, é a plenitude do silêncio e a amplidão do olhar.

Toda leitura é culturalmente sagrada e socialmente transformadora.

No Brasil atual, o livro tem ocupado cada vez mais um lugar especial no imaginário coletivo. Pelo livro, podemos viver várias vidas, várias histórias, várias dimensões da humanidade, várias versões e expressões do nosso ser.

A sociedade tem uma percepção cada vez maior dessa importância formadora do livro, tanto para o desenvolvimento pessoal ou profissional, como para a construção compartilhada de uma nação mais justa e desenvolvida.

Neste ano, tivemos o prazer de transformar o livro e a leitura em Politica de Estado, em um projeto integrado que uniu governos, empresas, organizações do terceiro setor de voluntários, como bibliotecários, professores e o cidadão comum.

São pessoas que acreditam no papel transformador e libertador do livro e que apostaram na criação do primeiro
plano nacional do livro e da leitura.

Esse Plano traz diretrizes para, no mínimo, os próximos 20 anos. Supera o imediatismo e dá a esse tema - tão estratégico e tão caro a todos nós - a dimensão de política de estado, de uma política que sobreviva a governos e governantes, que vá além dos seus atores e autores.

E que coloque o país no rumo das nações mais desenvolvidas. Com o mesmo prazer, continuamos a convocar todos os brasileiros que, neste caminho queiram trilhar parte desta história.

Quem sabe, nesse caminhar, tenhamos juntos a grata surpresa de escrever uma nova história do Brasil.

O livro da vida está aberto para outras leituras, outras interpretações e outras histórias.

Faça a sua.

in: EDUARDO LEN, "O Futuro do Livro". São Paulo: Editora Olhares, 2007.

Cérebro eletrônico (Gilberto Gil)

O cérebro eletrônico faz tudo
Faz quase tudo
Quase tudo
Mas ele é mudo

O cérebro eletrônico comanda
Manda e desmanda
Ele é quem manda
Mas ele não anda

Só eu posso pensar se Deus existe
Só eu
Só eu posso chorar quando estou triste
Só eu
Eu cá com meus botões de carne e osso
Hum, hum
Eu falo e ouço
Hum, hum
Eu penso e posso

Eu posso decidir se vivo ou morro
Porque
Porque sou vivo, vivo pra cachorro
E sei
Que cérebro eletrônico nenhum me dá socorro
Em meu caminho inevitável para a morte

Porque sou vivo, ah, sou muito vivo
E sei
Que a morte é nosso impulso primitivo
E sei
Que cérebro eletrônico nenhum me dá socorro
Com seus botões de ferro e seus olhos de vidro

Nós, por exemplo (Gilberto Gil)

Nós somos apenas vozes
Nós somos apenas nós

Por exemplo
Apenas vozes da voz
Somos nós, por exemplo
Apenas vozes da voz



Nós somos apenas vozes
Ecos imprecisos do que for preciso
Impreciso agora
Impreciso tão preciso amanhã
Nós, por exemplo, já temos Iansã
Nós, por exemplo, já temos Iansã

Nós somos apenas vozes
Nós somos apenas
Nós, por exemplo
Apenas vozes da voz
Somos nós, por exemplo
Apenas vozes da voz

Nós somos apenas vozes
Do que quer que seja luz no cor-de-rosa
Cor na luz da brasa
Gás no que sustenta a asa no ar
Nós, por exemplo, queremos cantar
Nós, por exemplo, queremos cantar

Nós somos apenas vozes
Nós somos apenas nós
Por exemplo
Apenas vozes da voz
Somos nós, por exemplo
Apenas vozes da voz

Nós somos apenas vozes
Do que foi chamado de "a grande expansão"
Pé no chão da fé
Fé no céu aberto da imensidão
Nós, por exemplo, com muita paixão
Nós, por exemplo, com muita paixão

Nós somos apenas vozes
Nós somos apenas
Nós, por exemplo
Apenas vozes da voz
Somos nós, por exemplo
Apenas vozes da voz
QUEM DISSE QUE EU ME MUDEI?
Não importa que a tenham demolido:
A gente continua morando na velha casa

                                     [em que nasceu.

Mário Quintana.